ESTADO PROCURA CONTRIBUINTES PARA RELACIONAMENTO SÉRIO

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A cidadania e o patriotismo não se exercem apenas de 4 em 4 anos... como estes políticos pretendem...

sexta-feira, outubro 29, 2010

Um pouco de "memória da Constituinte", a respeito do ora patrão da Impresa e alegado "ponta-de-lança" do Clube Bilderberg em Portugal

No n.º 43 do Diário da Assembleia Constituinte, página 208, há uma intervenção do Senhor Pinto Balsemão (PPD), que passamos a transcrever (em maiúsculas aquilo que mais nos chamou a atenção, sendo a númeração os nossos próprios comentários, adaptados aos tempos hodiernos):

- Sr. Presidente, Srs. Deputados: Quando todos esperavam que a chamada crise político-militar começasse a esclarecer-se, vieram ontem em série as proibições de a esclarecer. Quando todos ESPERAVAM QUE QUEM DETÉM O PODER PASSASSE A EXERCÊ-LO DE FORMA LÍMPIDA E CRISTALINA (1), veio uma lei que permite a MONOPOLIZAÇÃO DA INFORMAÇÃO (2) e, consequentemente, a sua DETURPAÇÃO, com vista à MONOPOLIZAÇÃO DO PODER.
QUANDO TODOS ESPERAVAM QUE A LIBERDADE DE INFORMAÇÃO FOSSE INSTITUCIONALIZADA, VIVIDA, SENTIDA, POR QUEM GOVERNA E POR QUEM É GOVERNADO,surgiu o embrião sólido de uma nova censura.(3)

O Programa do MFA foi ignorado, o princípio de que APENAS OS TRIBUNAIS PODEM PUNIR OS QUE ABUSAM DA LIBERDADE DE INFORMAÇÃO(4)foi arrumado na gaveta das recordações incómodas, a lei de Imprensa em vigor foi esquecida. Em seu lugar foi reeditado, em espírito e em intenção, o projecto Jesuíno: depois da comissão ad hoc, tão ao gosto do General Spínola (5), depois da comissão de análise, que o ex-Ministro da Comunicação Social nunca conseguiu implementar, aparece agora com nova imagem e nova estruturação o Conselho da Revolução.

Os homens que, em ATITUDES CADA VEZ MAIS CUPULISTAS (6), decidiram tomar conta do Poder deste País(7) parecem querer ser também os novos censores. Na verdade, a eles compete DEFINIR SE OS TEXTOS QUE OS JORNAIS PUBLICAM E AS EMISSORAS DIFUNDEM (8) são ou não «notícias ou relatos, comunicados, moções ou documentos relativos a quaisquer acontecimentos ocorridos em unidades ou estabelecimentos militares ou que se reportem a tomads de posição individuais ou colectivas de militares».

A eles, aos vinte e quatro revolucionários conselheiros(9), compete, quais juízes políticos, aplicar sanções de que não há apelo nem agravo. E, como corolário lógico, só eles, vinte e quatro conselheiros da Revolução, podem daqui em diante dar entrevistas (10).
Claro que, segundo o articulado da nova lei, o director do órgão de comunicação será previamente ouvido, claro que, de acordo com o preâmbulo da nova lei, a nova censura «não pretende atenuar, minimamente que seja, contra o legítimo pluralismo de opiniões» (11), claro que, ainda segundo o preâmbulo da nova lei, o que «se pretende é prevenir as actuações que visam atingir a coesão, a disciplina e a dignidade das forças armadas».

Tudo isto é muito bonito, muito certo, muito razoável. Mas O QUE VAI RESULTAR NA PRÁTICA É A CENSURA INTERNA, A AUTOCENSURA (12), A TENTAÇÃO DE CONSULTAR AS AUTORIDADES MILITARES (13) sempre que surjam textos duvidosos, o RECRUDESCIMENTO DO PODER DE QUEM MANDA HIERARQUICAMENTE - TAMBÉM HÁ GALÕES NOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO SOCIAL - SOBRE A VERDADE DE QUEM ESCREVE. E VAI TAMBÉM RESULTAR QUE OS JORNAIS, AS EMISSORAS DE RÁDIO, A TELEVISÃO, VOLTAM A FICAR TODOS OS IGUAIS, TODOS DISCIPLINADOS, TODOS CHEIOS DE MEDO DAS HIERARQUIAS DAS REDACÇÕES E DAS SUSPENSÕES do Conselho da Revolução.

Há na nova lei, com nitides insofismável, um atentado à liberdade de informação.

Vozes: Muito bem! (14)

O Orador: - E não me venham dizer que liberdade de informação e processo revolucionário são incompatíveis. Ao invocar-se urgência revolucionária para esterelizar a liberdade de informação, estão-se a criar estruturas permanentes, ESTÃO-SE A CIRCUNSCREVER O CONTRÔLE DE TUDO, O QUE PERMITE O «COMANDO DE QUEM COMANDA», A UMA ÉLITE DE DIRIGENTES E A REDUZIR A GRANDE MAIORIA DOS CIDADÃOS A UMA MASSA CUJO CÉREBRO PODE SER (E SERÁ) (15) LAVADO, POR OMISSÃO OU ACÇÃO, TANTAS VEZES QUANTAS AS NECESSÁRIAS.(16)

Ao argumentar-se que a liberdade de informação adquire, pouco a pouco, uma carga reaccionária, nãoi passando de uma liberdade formal, superficial, subordinada às liberdades reais, cuja conquista é o objectivo das massas trabalhadoras, está-se a renunciar à esperança de uma via original para um soCIAlismo português, está-se a cair, sem imaginação nem ousadia, no clássico socialismo dito de aparelho.

"A ideia de que é preciso pagar por uma privação de liberdade a aquisição de um pouco de igualdade deve ser denunciada como um mito reaccionário" - esta frase não é minha, mas de um intelectual francês insuspeito, Edgar Morin. (17)

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Notas nossas:
(1) Como se um poder assim definido quanto ao seu exercício fosse possível. Decerto ainda não era vice-PM de Sá Carneiro...
(2) Foi um grande exemplo para o Deputado, decerto...
(3) E agora como é?... Será que as novas vestes do Conselho da Revolução integram 3 membros (Balsemão, Paes do Amaral e Joaquim Oliveira)?
(4) E então a Alta Autoridade ou Entidade "Reguladora"? Como se justifica este controlo administrativo à liberdade (?) de informação?
(5) Aquele que foi destituído pela CIA, estou certo?
(6) A História parece que se repete... Onde é dada voz ao Povo?
(7) Não lhe bastando o poder económico, permitam-me acrescentar...
(8) Será assim na Exame, na Visão, no Courrier Internacional e na SIC?... Não acredito...
(9) Quantos serão os soberanos actuais da República? Balsemão (com a sucessão no Grupo Bilderberg garantida a Pais do Amaral?...), Soares e Cavaco?
(10) Bem, nos tempos modernos e para agradar ao chefe, uma revista considerou o seu patrão o homem do ano. Estaremos na mesma linha, salvo melhor entendimento...
(11) E agora como é? Com tanta concentração de OCS em poucas pessoas em Portugal?
(12) Visionário...
(13) Económicas, nos nossos dias...
(14) Serão o muito bem referente ao atentado à liberdade de informação?...
(15) Premonitório...
(16) Temos aqui a génese dos Morangos com Açúcar, Big Show Sic e o seu macaco Adriano, tardes da Júlia e da Diolinda, do Goucha e do raio que os partam que embrutecem o espírito da população.
(17) Autor do "Educar para a Era Planetária" (cfr. http://30anos.ipiaget.org/complexidade-valores-educaocao-futuro-edgar-morin/programa/conferencistas/edgar-morin/), tão ao gosto de quem, como os Bilderberg, defende um Governo Único Mundial... Acordem portugueses!

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